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domingo, 3 de maio de 2020

ATIVIDADE 2



1 - Estratégias de leitura e produção de texto

Fazer uma leitura da crônica “Brasileiro não gosta de ler?”  - Lya Luft

A meninada precisa ser seduzida. Ler pode ser divertido
e interessante, pode entusiasmar, distrair e dar prazer.
Não é a primeira vez que falo nesse assunto, o da quantidade assustadora de analfabetos deste nosso Brasil. Não sei bem a cifra oficial, e não acredito muito em cifras oficiais. Primeiro, precisa ser esclarecida a questão do que é analfabetismo. E, para mim, alfabetizado não é quem assina o nome, talvez embaixo de um documento, mas quem assina um documento que conseguiu ler e... entender. A imensa maioria dos ditos meramente alfabetizados não está nessa lista, portanto são analfabetos – um dado melancólico para qualquer país civilizado. Nem sempre um povo leitor interessa a um governo (falo de algum país ficcional), pois quem lê é informado, e vai votar com relativa lucidez. Ler e escrever faz parte de ser gente.
Sempre fui de muito ler, não por virtude, mas porque em nossa casa livro era um objeto cotidiano, como o pão e o leite. Lembro de minhas avós de livro na mão quando não estavam lidando na casa. Minha cama de menina e mocinha era embutida em prateleiras. Criança insone, meu conforto nas noites intermináveis era acender o abajur, estender a mão, e ali estavam os meus amigos. Algumas vezes acordei minha mãe esquecendo a hora e dando risadas com a boneca Emília, de Monteiro Lobato, meu ídolo em criança: fazia mil artes e todo mundo achava graça.
E a escola não conseguiu estragar esse meu amor pelas histórias e pelas palavras. Digo isso com um pouco de ironia, mas sem nenhuma depreciação ao excelente colégio onde estudei, quando criança e adolescente, que muito me preparou para o mundo maior que eu conheceria saindo de minha cidadezinha aos 18 anos. Falo da impropriedade, que talvez exista até hoje (e que não era culpa das escolas, mas dos programas educacionais), de fazer adolescentes ler os clássicos brasileiros, os românticos, seja o que for, quando eles ainda nem têm o prazer da leitura. Qualquer menino ou menina se assusta ao ler Macedo, Alencar e outros: vai achar enfadonho, não vai entender, não vai se entusiasmar. Para mim esses programas cometem um pecado básico e fatal, afastando da leitura estudantes ainda imaturos.
Como ler é um hábito raro entre nós, e a meninada chega ao colégio achando livro uma coisa quase esquisita, e leitura uma chatice, talvez ela precise ser seduzida: percebendo que ler pode ser divertido, interessante, pode entusiasmar, distrair, dar prazer. Eu sugiro crônicas, pois temos grandes cronistas no Brasil, a começar por Rubem Braga e Paulo Mendes Campos, além dos vivos como Verissimo e outros tantos. Além disso, cada um deve descobrir o que gosta de ler, e vai gostar, talvez, pela vida afora. Não é preciso que todos amem os clássicos nem apreciem romance ou poesia. Há quem goste de ler sobre esportes, explorações, viagens, astronáutica ou astronomia, história, artes, computação, seja o que for.
O que é preciso é ler. Revista serve, jornal é ótimo, qualquer coisa que nos faça exercitar esse órgão tão esquecido: o cérebro. Lendo a gente aprende até sem sentir, cresce, fica mais poderoso e mais forte como indivíduo, mais integrado no mundo, mais curioso, mais ligado. Mas para isso é preciso, primeiro, alfabetizar-se, e não só lá pelo ensino médio, como ainda ocorre. Os primeiros anos são fundamentais não apenas por serem os primeiros, mas por construírem a base do que seremos, faremos e aprenderemos depois. Ali nasce a atitude em relação ao nosso lugar no mundo, escolhas pessoais e profissionais, pela vida afora. Por isso, esses primeiros anos, em que se aprende a ler e a escrever, deviam ser estimulantes, firmes, fortes e eficientes (não perversamente severos). Já se faz um grande trabalho de leitura em muitas escolas. Mas, naquelas em que com 9 ou 10 anos o aluno ainda não usa com naturalidade a língua materna, pouco se pode esperar. E não há como se queixar depois, com a eterna reclamação de que brasileiro não gosta de ler: essa porta nem lhe foi aberta.
REVISTA VEJA - Edição 2125 / 12 de agosto de 2009.

Após a leitura da crônica, reflitam sobre o que leram e responda o questionário abaixo e, ao mesmo tempo, registre por escrito as conclusões a que chegarem sobre cada questão, pois poderá utilizá-las depois.

1 – “ler e escrever faz parte de ser gente” (1º parágrafo);
2 – “Cada um deve descobrir o que gosta de ler” (4º parágrafo);
3- “E a escola não conseguiu estragar esse meu amor pelas histórias e pelas palavras” (3º parágrafo);
4- “Por isso, esses primeiros anos, em que se aprende a ler e a escrever, deviam ser estimulantes, firmes, fortes e eficientes (não perversamente severos)” (5º parágrafo);
5- “Qualquer menino ou menina se assusta ao ler Macedo, Alencar e outros: vão achar enfadonho, não vai se entusiasmar”. (3º parágrafo).

Leio a reportagem: Brasileiro gasta apenas 5,2 horas por semana com leitura

Pesquisa feita em 30 países coloca o Brasil em 27º lugar no ranking da leitura
Os brasileiros gastam em média apenas 5,2 horas por semana com a leitura, um dos índices mais baixos de uma lista de 30 países onde foi realizada pesquisa sobre hábitos das populações locais, promovida pelo NOP World Report Reports Worldwide, instituto que elabora rankigs sobre comportamentos do mercado mundial.
Esse índice deixou o Brasil na 27ª colocação entre os países pesquisados, à frente apenas de Taiwan, Japão e Coréia, e atrás de Venezuela (com média de leitura de 6,4 horas por semana, ocupando a 14ª colocação da lista), Argentina (5,9 horas/semana e 18ª posição) e México (5,5 horas/semana e 25ª posição). O país em que a população dedica mais horas à leitura, segundo o estudo, é a Índia, com média de 10,7 horas por semana usadas nesta atividade, mais que o dobro da marca brasileira.
Por outro lado, o Brasil ocupa o segundo lugar na audiência de rádio. Os brasileiros gastam em média 17,2 horas por semana com este hábito, contra as 20,8 horas semanais dedicadas pelos argentinos - líderes do ranking - à atividade.
O hábito de assistir TV também dá destaque aos brasileiros, que, neste quesito, ocupam a 8ª posição do ranking entre os 30 países pesquisados, com 18,4 horas por semana dedicadas à programação televisiva. A população que mais vê televisão, de acordo com o estudo, é a tailandesa, com 22,4 horas semanais.
A pesquisa do NOP World Report Reports Worldwide foi realizada com mais de 30.000 pessoas de mais de 13 anos de idade nos trinta países pesquisados. O estudo foi feito entre dezembro de 2004 e fevereiro de 2005.
Disponível e acesso 30/04/2020 em:  
ATIVIDADE AVALIATIVA

Após a leitura da reportagem e com base nas reflexões (respostas) realizadas sobre o texto / crônica de Lya Luft você deve “Escrever um texto de opinião”: Considerando:
A - A rotina de leitura dos brasileiros em comparação com os outros povos mencionados na reportagem;
B - Inferindo sobre possíveis relações entre a rotina de leitura dos povos e suas culturas;
C - Identificando os impactos dos outros meios de comunicação sobre a prática de leitura dos brasileiros.
Você deve se posicionar em relação à reportagem. (A leitura da reportagem deve ser precedida de uma discussão entre a relação hábitos de leitura e cultura. Pesquise na Internet, ou outras fontes, sobre os países mencionados na reportagem para que possa processar adequadamente as informações contidas no texto).

Enviar pelo e-mail: agnaldobastos@professor.educacao.sp.gov.br   Assunto: Nome do aluno e série / ano. Ou guardar e entregar na volta às aulas presenciais.